domingo, 21 de setembro de 2008

Guia básico da água do Mar - Cap. I

Uma ajuda na água salgada - 1º Capítulo

Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo

O pequeno guia da Química do seu aquário de
água salgada


A gravidade específicaou densidade, permite-lhe quantificar, em gramas por litro, a quantidade de sal dissolvida na água. Como está directamente relacionada com a temperatura, o densímetro deverá estar aferido de acordo com a mesma, pelo que os modelo sera, desenvolvidos com esta preocupação, são testados em água destilada a 75ºF (23,4ºC) o que dará uma leitura de d=1.000. Por outro lado ficam a saber que a água salgada tem uma densidade que oscila entre os 1.020 e os 1.025 a essa temperatura. Conforme formos adicionando sal à água, o densímetro subirá, ou seja fica mais fora de água. Quando a leitura indicar valores de 1.020 a 1.022 a 23ºC, não será necessário mais sal. Notem que se houver oscilações de temperatura estas originarão leituras diferentes. Por exemplo: a 26ºC e com a mesma quantidade de sal o densímetro indicará de 1.019 a 1.021. A 20ºC a leitura será de 1.021 a 1.023. Portanto se a temperatura subir a densidade diminui e se a temperatura descer a densidade sobe.

Para obter leituras correctas deverá instalar o densímetro em zonas de pouca agitação de água. Lembro que a leitura deverá ser feita ao nível da água do aquário e não do chamado ‘menisco’ (a água sobe ligeiramente acima do seu nível quando em contacto com o densímetro).

Se houver evaporação de água do aquário a densidade subirá, pelo que dever-se-á adicionar água doce prèviamente aquecida à temperatura do seu aquário.


Esta imagem mostra um densímetro com termómetro.




As mudanças bruscas de densidade podem provocar o ‘Choque Osmótico’ (respiração acelerada, perda de equilíbrio, descoloração). Este choque resulta da perda ou ganho repentino de fluidos através dos tecidos das guelras. Acima da densidade normal provocará um aumento de fluidos e abaixo da mesma (1.022) resultará uma perda dos mesmos.

pHO pH é a quantificação dos iões de Hidrogénio. Na água, o ião H+ reage quase de imediato com a mesma (H2O) originando o ião Hidrónio (H3O+). O ‘p’ é o ‘poder’ do ião de Hidrogénio.

A medida do pH está pois directamente ligada ao número de iões de Hidrogénio e não ao menor ou maior grau de limpeza da água do aquário. Podemos (mas não devemos) ter um aquário todo sujo com um pH correcto.

Quanto maior for a concentração de iões H3O+ mais baixo será o pH. E vocês já estão familiarizados com o facto de que se o pH é inferior a 7,0 a água é ácida; igual a 7,0 a água é neutra e se acima de 7,0 a água é alcalina.

A concentração de iões não aumenta ou diminui de uma forma linear, ou seja, um pH de 3.0 não é 3 vezes mais ácido que um pH de 6.0. Explicando: as oscilações são múltiplas de 10, por isso um pH 5,0 tem 10 vezes mais iões Hidrogénio que o pH 6,0. Uma variação de pH de 1 unidade é pois uma mudança demasiado violenta. Aconselho pois correcções graduais nunca superiores a 0,1 por dia. Não podem esquecer que pelo facto de haver peixes i invertebrados em aquários com pH de 7,6 a 8,4, não os podemos sujeitar a choques desnecessários com correcções despropositadas.

O pH do aquário marinho deverá sr mantido entre os 8,1 de manhã e os 8,4 à noite, antes de apagar as luzes. Verifiquem-no todas as semanas e não adquiram animais em demasia, pois o excesso de animais facilita a acidificação da água.
Os testes sera utilizam um óptimo indicador e uma escala colorida criada por computador, do que resultam leituras correctas que não se conseguem com produtos similares.

Se o pH baixar dos 8,2 aconselho a utilização do ‘pH buffer’, ou seja um tampão do pH, com o cuidado de não ultrapassar correcções diárias superiores a 0,1, até que se consiga o 8,4.

O tipo de substrato escolhido pode ajudar a manter o pH. Assim a areia com conchas, Calcite, Dolomite, Casca de Ostra e na minha opinião a mais fácil e eficaz, a Areia de Coral, são escolhas bem feitas neste sentido. Há no entanto uma opção inovadora, a Calcialith, da Aquatic Nature:
Este tipo de solos adiciona Carbonatos (CO3) à água do aquário, que funcionam como reguladores do pH ajudando a manter a água alcalina de uma forma natural. Mas conforme vai envelhecendo, o solo fica encrustado com outras substâncias o que diminui a capacidade de estabilizar o pH, pelo que as mudanças parciais de água são essenciais, e, correcções, se necessárias, deverão ser feitas com o tampão do pH.

Podem também optar por Diatomáceas em pó que podem, se colocadas num saco apropriado, ser utilizadas como mais um elemento de filtragem, com o cuidado de as substituir em caso de diminuição do caudal de saída do filtro, podendo também ser útil nos aquários de Ciclídeos ou de Vivíparos.

Amónia (NH3 + NH4):
Produto expelido pelos invertebrados e peixes, excretado pelas guelras e nas fezes. Pode também ser provocado pelos restos de excessos de comida, animais mortos não retirados do aquário ou pelo uso abusivo de antibióticos.

Pode aparecer sob duas formas distintas: ionizada (NH4) e não ionizada (NH3). O termo Amónia Total refere-se ao conjunto das duas.

Qualquer uma é tóxica para a fauna, sendo no entanto a não ionizada (NH3) a mais prejudicial, pois sendo uma molécula mais pequena, passa de forma fácil pelo tecido celular, enquanto que a molécula NH4, maior, mais difìcilmente atravessa a membrana celular. As proporções de NH3 e NH4 variam com a temperatura e o pH. Uma temperatura e um pH elevados implicam um alto teor de NH3. Um aquário de água salgada com o pH correcto, 8,4, indicia um valor elevado de NH3 e uma baix concentração de NH4. Nos aquários de água doce, de pH mais baixo, acontece o inverso, ou seja, um baixo NH3 e maior NH4, podendo no entanto ser igual o valor da Amónia Total (NH3 + NH4). Por tudo isto se pode perceber que os peixes de água doce poderão suportar melhor índices mais elevados de Amónia Total que os de água salgada.

Em aquários já instalados, a Amónia não deverá ultrapassar 1ppm (uma parte por milhão). Para resumir: qualquer leitura positiva (acima de Zero) é indicadora de perigo, quer em água doce ou salgada. Nestes casos devemos mudar de 10 a 20% da água, retirar (se os houver) restos de comida ou de animais mortos e limpar os difusores e as bombas do filtro de fundo. Adquiram testes que detectem Amónia a partir de 0.025ppm. Se atingido 1ppm e se simultâneamente os Nitritos (NO2) estiverem elevados, a situação poderá ser fatal.

As bactérias do género Nitrosomonas actuam reduzindo biològicamente a Amónia em Nitritos (NO2) e Oxigénio (O2), ver o Ciclo do Azoto. Num estado mais avançado os Nitritos serão utilizados pelas bactérias do género Nitrobacter e convertidos em Nitratos (NO3).
Basta usar o:
Nitritos (NO2):Falo agora do estado intermédio da redução biológica dos restos orgânicos, que da Amónia (tóxica) passarão aos relativamente atóxicos Nitratos (NO3). Em aquários novos os Nitritos podem atingir taxas de 10ppm (10 partes por milhão). Isto acontece porque a população de bactérias Nitrosomonas e Nitrobacter não atingiu o nível ideal para criar um equilíbrio biológico. Por isso uma espera mínima de 14 a 21 dias é aconselhada antes da aquisição de espécies delicadas. Uma forma económica de activar biològicamente um aquário, é ‘roubar’ areia de aquários velhos, 100g por cada 40 litros de água a tratar, o que resolverá muitos problemas, ou recorrer ao Bio Bacter M.
Controlando os Nitritos verificar-se-á que baixarão de 10ppm para um valor tão baixo como 0,1 ppm (ou menos) e poderemos considerar o aquário apto para receber visitas (das mais resistentes, por agora).

Aquários velhinhos nunca deverão mostrar mais de o,1ppm pois valores mais elevados são considerados perigosos. Se tal acontecer deveremos recoorer da regra de ouro: 10 a 20% da água deve ser mudada, retirados todos os restos de comida ou animais mortos, verifique os difusores (se os tiver instalados) e as bombas de água, filtros exteriores inclusive.

As bactérias aeróbias alimentam-se de Nitritos e reproduzem-se. Contudo, se forem introduzidos muitos animais de uma só vez, tornar-se-á impossível para as bactérias a utilização de todos os Nitritos o que poderá levá-los a índices tóxicos. Por este motivo aconselhamos a aquisição de 2 a 3 exemplares de cada vez.

Com o auxílio de bons testes, de fácil utilização e leitura, sugiro que verifiquem os Nitritos (no aquário novo) diàriamente, ou uma vez por semana se o Vosso aquário já está instalado e equilibrado. No caso de adquirirem peixes novos, façam um controlo diário durante a 1ª semana após a introdução dos mesmos.

Como no caso da Amónia, os peixes de água doce toleram taxas mais elevadas de Nitritos. Não se esqueçam que no entanto qualquer dos casos é tóxico.

Nitratos (NO3):Eis-nos chegados ao fim do Ciclo do Azoto. No entanto os Nitratos regressam depois de utilizados pelas Algas ou Plantas. Estas são por vezes consumidas por alguns peixes e assim recomeça outro Ciclo.

Os Nitratos são quase inofensivos para os peixes e os invertebrados. Taxas ou concentrações até 400ppm (e por curtos espaços de tempo) serão toleradas. Em aquários bem equilibrados e com um bom crescimento de algas ou de plantas, raramente excederão as 150 a 200ppm. Volto a lembrar que com bons testes poderão medir concentrações, desde 10 até 200ppm.
E para os controlar podem recorrer ao:
este para água doce e abaixo para água salgada:
Por vezes é necessário introduzir Nitratos nos aquários (menciono apenas os de água doce) para estimular o crescimento das plantas.

Cobre (Cu+):O anti-parasitário mais usado em aquariofilia. No entanto é importante perceber como reage o Cobre com a água e de que maneira afecta os parasitas. O Cobre rompe as ligações das Proteínas nas membranas celulares dos parasitas. Ora isto só é possível quando estes estão livres na água, pois que enquanto debaixo das escamas ou nos intestinos dos peixes, são quase impossíveis de destruir. Vou tentar explicar de forma simples: quando os parasitas crescem, saiem dos hospedeiros para desovar ou formar cistos. Assim, enquanto que nas cascas continuam imunes ao Cobre, logo que nascidos tornam-se vulneráveis e podem então ser eliminados. O ciclo de vida do Cryptocarion e do Oodinium oscila entre os 10 e os 21 dias (dependendo da temperatura, ou seja: quanto mais elevada, mais depressa se reproduzem).

Na água salgada, se mantido a níveis de 0,15 a 30 ppm entre 17 a 21 dias, todos os parasitas serão eliminados. Os resultados mais eficazes são obtidos com uma concentração de 0,15 ppm, no mesmo espaço de tempo. Lembro aqui que este tipo de tratamento deverá ser feito num outro aquário, ou depois de retirados os invertebrados e outras espécies sensíveis ao Cobre.

Teste diários da concentração deverão ser efectuados (testes Cu) pois que o Cobre reage com os Carbonatos, precipitando-se ficando assim inactivo. Por isso deverá ser acrescentado e controlado com o teste Cu. Poderão eliminar mesmo os parasitas mais perigosos.

Na água doce não podem ser atingidas concentrações tão elevadas, pelo que se recomenda o uso semanal na proporção de 1 gota para 8 litros de água, como preventivo do Íctio ou outro. Como tratamento a mesma dose de 3 em 3 dias durante um período, já referido, de 17 a 21 dias. Mantenham o pH entre 6.8 a 7.0, pois o tratamento é mais eficaz em água doce ligeiramente ácida.

As análises regulares da água do seu aquário são essenciais. A qualidade e precisão dos testes sera dar-vos-ão todas essas informações.
Relembro: aquários novos = testes diários
Aquários equilibrados = testes semanais

marioadearaujo@gmail.com

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